43
« em: Abril 25, 2009, 11:24:58 am »
Caro Rui
Caro AJC
Na verdade, cada tipo de telescópio tem as suas vantagens e os seus inconvenientes. Como refiro no livro "Telescópios", o reflector de Newton, quando bem construído e colimado, é um instrumento muitíssimo bom. Apenas duas superfícies ópticas contribuem para a imagem primária, mas o tubo é percorrido duas vezes pela luz que vem do astro observado.
Convém referir que para a mesma qualidade óptica final, uma superfície reflectora tem de ser quatro vezes mais rigorosa do que uma superfície refractora. Por outras palavras, para igual defeito da superfície óptica, um espelho estraga a imagem final quatro vezes mais do que uma superfície de uma lente.
Mas os Maks têm a suas vantagens, se bem construídos e colimados, mais uma vez. Afinal, são também duas superfícies reflectoras mais duas superfícies refractoras (as faces do menisco). E os meniscos russos são muito bons e com bons fctores de transmissão de luz. É falsa a ideia—muitas vezes espalhada— de que o volume e peso de vidro do menisco impedem o Maksutov (MCT) de ser bom. Por exemplo, um menisco de 180 mm de diâmetro tem uns 16 mm de espessura: é bastante vidro... Mas um refractor Apo tem uma objectiva muito mais espessa: só para terem uma ideia, o meu TMB (de apenas 115 mm) tem uma objectiva de 3,4 cm de espessura (para menor abertura). Um Apo de 180 mm de abertura terá uma objectiva de mais de 42 mm de espessura, bem mais do que a espessura de um Mak de igual abertura. Se um demora tempo a arrefecer, também o outro demora. O problema é o arrefecimento do interior do tubo, e por isso é que eles têm ventilação forçada do interior. No meu caso, para 180 mm de abertura, não posso ter um Newtoniano, por falta de espaço e pelo incómodo das manobras. Este Mak 180 mm f/15, com 26% de obstrução, tem apenas 0,55 m de comprimento. Um newtoniano de 180 mm de abertura, f/6, teria mais de um metro de comprimento e eu já não teria espaço para ele.
Na comparação 80 mm versus 180 mm, não incluí o factor de transmissão do espelho diagonal do refractor. Em rigor deveria tê-lo feito, mas fui tão optimista nos outros factores do Mak Konus/Celestron, que já não valia a pena entrar com as perdas de fluxo luminoso no diagonal do refractor (dado que dei algum optimismo ao Konus). É que esse é um Mak de produção em massa, razoável para o preço, mas não tão cuidado como um Intes-Micro. De notar que vários utilizadores têm mencionado melhoria de qualidade retirando um vidro (praticamente vidro de janela) que vem de fábrica para selar a entrada de pó na traseira. Retira-se, e pronto. Aliás nenhum Mak de topo traz isso de fábrica e os tubos tapam-se com tampas quando não estão em uso. Ou então insere-se no seu lugar um vidro de qualidade.
No caso dos SCT, a curvatura (não esférica) do corrector de Schmidt não se pode fazer com qualidade e a baixo preço. Fazem-nos à pressa, para conter custos, o que dá oportunidade de que saiam bastante abaixo das exigências a que deveriam obedecer. Poucos sabem que na indústria esses correctores são feitos em menos de meia hora. Nem sequer o perfil da lâmina de Schmidt é feito obedecendo aos primeiros três termos da expressão matemática que o descreve: ficam-se pela aproximação do primeiro termo, para conter custos e mesmo assim o fabrico é apressado. Por outro lado, um menisco de Maksutov, esmerilado e polido com o devido tempo, e sem pressas, demora muito mais tempo a fazer. Por isso é que, por exemplo, o Mak 180 da Meade custava mais do que um SCT da mesma marca e de 10 polegadas (254mm). Ou seja, por outras palavras,um menisco de Maksutov estará quase sempre mais próximo da funcionalidade teórica do que um corrector de Schmidt.
Espero que tenham gostado da palestra de ontem (24/04/2009), também visível on-line.
Boas observações
GA