Se a matéria escura existe, de facto, apenas em grandes aglomerados, estes não podem ser maiores que um décimo da massa da Terra. Isto é o que dizem físicos da Alemanha e do Reino Unido que estudaram o efeito de lentes gravitacionais em cerca de 300 supernovas distantes.
Estas descobertas requerem que as noções actualmente aceites sobre matéria escura (uma substância misteriosa que constitui a maioria do Universo) sejam revistas, pois assumiam muitas vezes que os aglomerados de matéria escura poderiam ter massas de várias massas solares (Phys. Rev. Lett. 98 071302).
Exemplo de supernova longínqua no quadrado da imagem.
Crédito: HSTQuando os físicos olham para o céu, notam que não existe matéria visível suficiente para explicar a dinâmica das galáxias assumindo que o que actualmente se sabe sobre gravitação esteja correcto. É por isso que muitos advogam que deve existir uma matéria escura que teria essa massa em falta e que é invisível aos modernos telescópios por interagir de forma muito ténue com a luz.
De acordo com o modelo mais aceite, a matéria escura pode ser uma acumulação de partículas pesadas invisíveis chamadas WIMP (do inglês "weakly interacting massive particles") ou aglomaerações densas de matéria normal que não emitam grandes quantidades de radiação observável chamadas MCO (do inglês, "massive compact objects") ou eventualmente uma mistura de ambos.
Benton Metcalf do Intituto Max Planck Institute para a Astrofísica na Alemanha e Joseph Silk da Universidade de Oxford no Reino Unido, tentaram ver de que dimensão seriam estes objectos. Os físicos analisaram supernovas emitidas a distâncias até 5 mil milhões de anos-luz de modo a ver se a luz emitida por estes objectos eram dispersas por eventuais MCOs. Se estes objectos tivessem dimensões significativas a acção destes objectos teria que dispersar a luz através do fenómeno de lente gravitacional.
Por causa do enorme percurso, as hipóteses de haver um MCO grande seriam relativamente altas. No entanto, os físicos não detectaram qualquer dispersão em qualquer das 300 supernovas analisadas que requeressem a existência de MCOs com mais de um décimo de massa solar, o que dá uma garantia de cerca de 89% de certeza de que objectos deste tipo não possam existir. Acrescentam, por isso, que a existência de MCOs com mais de um décimo de massa terrestre como sendo o único constituinte da matéria escura pode ser eliminada com alguma confiança.
Esta notícia surge pouco depois de alguns cosmólogos terem começado a considerar que as estrelas ténues, as estrelas de neutrões e os buracos negros poderão ser constituintes significativos da matéria escura. Metcalf e Silk sugerem que, em seu entender, a matéria escura será provavelmente constituída por WIMPs.
Fonte: Centro de Ciência Viva do Algarve