No início do mês de Janeiro a sonda Rosetta, da ESA, deitou um primeiro olhar ao asteróide 21-Lutetia, um dos objectivos da sua longa missão. A câmara OSIRIS (Optical, Spectroscopic and Infrared Remote Imaging System), a bordo da sonda, obteve imagens do asteróide enquanto aquele passava no seu campo de visão, durante a aproximação gradual da sonda ao planeta Marte. A sonda alcançará Marte no dia 25 deste mês, iniciando assim a próxima manobra gravitacionalmente assistida.
Durante a longa viagem até ao seu destino final (o cometa 67P Churyumov-Gerasimenko), a Rosetta deverá estudar dois asteróides, o 2867-Steins e o 21-Lutetia, ambos situados na Cintura de Asteróides entre as órbitas de Marte e Júpiter. Tal como os cometas, os asteróides possuem importantes informações acerca da origem do Sistema Solar, sendo um dos objectivos principais desta missão fornecer um entendimento mais aprofundado desta origem.
O asteróide 21-Lutecia foi observado pela câmara OSIRIS, a bordo da Rosetta, em 2 de Janeiro de 2007, quando se encontrava a 245 milhões de quilómetros da sonda. A campanha de observação durou 36 horas. Crédito: ESA/MPS/UPD/LAM/IAA/RSSD/INTA/UPM/DASP/IDA.A Rosetta aproximar-se-á dos asteróides Steins e Lutetia em Setembro de 2008 e Julho de 2010, respectivamente, mas os cientistas a cargo da missão aproveitaram já a oportunidade de recolher alguns dados preliminares sobre os objectos. Esta oportunidade ajudará a preparar melhor as futuras campanhas de observação.
O asteróide Steins foi observado pela Rosetta em 11 de Março de 2006, enquanto o Lutetia foi observado durante uma campanha de 36 horas de observação que decorreu entre os dias 2 e 3 de Janeiro deste ano, quando a sonda se encontrava a cerca de 245 milhões de quilómetros do asteróide.
Conhece-se ainda muito pouco sobre estes dois asteróides. De facto, conhece-se ainda muito pouco sobre a generalidade dos asteróides, apenas se tendo observado de perto muito poucos dos muitos milhões de asteróides que povoam o nosso Sistema Solar. De acordo com o que sabemos até à data, Steins e Lutetia possuem propriedades bastante diferentes um do outro. O asteróide Steins é relativamente pequeno, com um diâmetro de poucos quilómetros, enquanto o Lutetia é um objecto bastante maior, com um diâmetro aproximado de 100 km.
A observação do Lutetia em Janeiro deste ano foi orientada no sentido de conseguir pré-caracterizar a direcção de rotação do asteróide. Isto é possível através do estudo da curva de luz do asteróide - a análise da forma como a luz é emitida pelo objecto, nomeadamente a análise das variações na intensidade da emissão, permite deduzir qual a direcção de rotação do objecto em estudo. Os responsáveis da missão estão agora a proceder à análise dos dados obtidos pela câmara OSIRIS numa tentativa de elaborar a curva de luz do Lutetia.
Depois de concluídas as observações do asteróide Lutetia, a sonda Rosetta prepara-se agora para o próximo passo da missão: a aproximação e passagem pelo planeta Marte. Pelo final deste mês, a energia gravitacional do planeta vermelho será usada pela sonda para acelerar numa nova trajectória em direcção à Terra, onde ocorrerá a próxima manobra assistida pela gravidade, em Novembro deste ano.
O asteróide 2867-Steins será de novo visitado pela sonda em 5 de Setembro de 2008, a uma distância de apenas 1 700 km. Este encontro dar-se-á a uma velocidade relativamente baixa de 9 km/s, durante a primeira excursão da Rosetta ao interior da Cintura de Asteróides. No dia 10 de Julho de 2010, a sonda executará a sua segunda visita ao asteróide 21-Lutetia, passando a cerca de 3 000 km de distância, a uma velocidade aproximada de 15 km/s.
Enquanto visita estes "rochedos primordiais", a Rosetta obterá dados sem precedentes. Os instrumentos que transporta a bordo captarão informações acerca da massa e densidade dos asteróides, da sua temperatura interior e da existência de gases e poeira em seu torno, fornecendo-nos mais e melhores pistas sobre a sua composição e caracterização.
Até lá, a Rosetta continua a fornecer-nos novas emoções à medida que vai viajando através do Sistema Solar, captando dados e imagens dos objectos que encontra no seu percurso.
Notícia original:
http://www.esa.int/esaCP/SEMNRESMTWE_index_0.html Fonte: Portal do Astrónomo