Caro amigo Emanuel,
Por acaso esse buscador polar já foi colimado? Sim... é preciso alinhá-lo com o eixo de A.R.. Se este não estiver paralelo com o eixo de A.R., os apontamentos tentados usando os circulos graduados nunca vão dar no sitio certo por mais que se tente. Colimar o buscador polar é coisa não muito demorada mas deve ser feito de dia e com o telescópio montado (e partindo do principio que o tubo óptico está relativamente paralelo com o eixo de AR). Deve-se ter algum cuidado porque normalmente esta operação exige que se desiquilibre muito a montagem já que o buscador polar vai ter que apontar para um objecto terrestre bem longe. Basicamente a operação consiste em colocar o objecto bem no centro da ocular, rodar o telescópio 90º para a esquerda e olhar pelo buscador polar a ver se o objecto alvo mantem-se no centro. Se este estiver afastado, deve haver 3 parafusos que ajustam o buscador polar. A ideia é ajustá-los para reduzir este erro (distancia do objecto ao centro onde deveria estar) pela metade. Depois, rodar o telescópio 180º para a direita, de modo que fique do lado oposto onde se encontra agora. Proceder da mesma maneira. De notar que agora o próximo deslocamente para a esquerda não será de 90º mas sim de 180º de modo a que o telescópio e os contrapesos fiquem sempre na horizontal - Os 90º iniciais foi só porque é mais cómodo colocar a ocular no buscador quando este está na posição "normal".
Repetir este esquerda-direita e reduzindo sempre o erro do buscador pela metade até que o telescópio e o buscador mantenham sempre o objecto no centro mesmo após uma rotação de 180º. Esta operação envolve somente rotação em A.R.. O eixo de DEC. fica quieto. Depois disto, fica com a certeza que o buscador e o telescópio apontam ambos para o mesmo sitio.
Penso não me ter enganado... já fiz isto à um bom bocado de tempo... :oops:
Se porventura não é a nada disto que se refere, mas sim aos circulos graduados que a montagem possuí em ambos os eixos, então esses não precisam de qualquer calibração. Para os usar efectivamente, há que ter à mão umas quantas coordenadas de estrelas de fácil identificação e mais as coordenadas dos objectos que queremos observar. Penso que este é o modo fácil de fazer isto:
Um determinado objecto no ceú terá sempre (não é verdade absoluta, mas fazemos de conta que assim o é
) as mesmas coordenadas equatoriais. Vamos por exemplo usar a estrela "Rigel" do Orion, facilmente reconhecível nos ceús de Inverno. Esta estrela tem as coordenadas AR=5h14m52s e DEC=-8º11'29". Apontamos o telescópio para esta estrela e centramo-la na ocular. Melhor ligar os motores entretanto pra que nao fuja muito. Vamos aos circulos graduados e rodamo-los até que coincidam com as coordenadas da Estrela. Depois, é escolher o objecto que queremos observar... por exemplo, M1, a Nebulosa do Caranguejo com as coordenadas AR=5h34m56s e DEC=22º01'15". Agora basta desembraiar os motores, pegar no tubo e rodá-lo um eixo de cada vez (ou os dois quando já houver prática) até que os circulos coincidam com as coordenadas do objecto - Não se toca nos circulos graduados nesta altura! Embraiam-se os motores e olha-se pela ocular... e voilá! M1 na ocular (espero eu!)
De vez em quando é só ir visitar um objecto que tenhamos as coordenadas à mão e ajustar alguns desvios que eventualmente vão ficando acumulados nos circulos.
Isto é tudo muito bonito e funciona!... e foi o que me safou uma vez numa sessão de Astronomia no Verão no qual em que o sistema Go-To resolveu falhar completamente. Foi nessa altura que resolvi pôr o velho cerebro a funcionar, experimentei ali mesmo e fiquei surpreendido com a facilidade e precisão do sistema. Não é à toa que estes circulos continuam a existir mesmo nas montagens com Go-To's que teoricamente não necessitam de tais coisas.
Quem discordar deste método... paciência!
P.S.: Espero que alguma destas duas coisas seja a que procura!!
Cumprimentos,
Nelson Viegas
GOAAA