Pelas 19 horas demos por iniciada a nossa Star Party. Pudemos ver o sol em h-alpha, com bastantes protuberâncias, e um sol com filtro de luz branca Baader sem qualquer mancha. Para mim foi a primeira vez que observei o Sol, para mais sem manchas...
Enquanto o Sol baixava, começamos a montar e preparar os telescópios e tripés (fotográficos e para as OTAs).
Quanto aos telescópios variavam desde os 40mm de abertura do PST até aos 300mm de abertura do XT12i. As excursões focais desde os 400mm do PST aos 2000mm com que vimos o sol em h-alpha, no orion uk OMC. Havia um XT8 da Orion e um Orion Optics SPX 250. A contar ainda um refrator acromático de 70 (Meade) e um acromático de 4" a f5; um dublete de 80 tipo o SW Equinox e um Pentax SDHF 75. O William Optics de 132mm (FLT53) também brilhou e mostrou o seu melhor no first light e em algumas fotos do céu profundo. Havia umas 4 Canon's e outras tantas Nikon's; uma Olympus, várias compactas e uma câmara de vídeo. Tripés eram treze. Um per capita. De objectivas é melhor não falar pois foram numerosas, dos 18 aos 400mm de excursão focal.
Passando aos tripés (uns fotográficos e outros de montagens): SW EQ3-2, SW EQ6 e dois “moínhos de café”
CG5 e CGEM da Celestron. Havia duas montagens dobsonianas nos Orion XT8 e XT12i. Havia ainda uma montagem tipo garfo no ET(X) 70 da Meade.
As oculares iam desde as Plossls comuns a outras, de "meter a cara" com um peso que faziam corar de vergonha o PST, sobretudo a Axiom da Celestron, de 31mm e 82º. Havia Naglers, Baader Hyperion's, Antares, SkyWatcher…
Se falarmos da comida é que já não terminamos. Houve grades de minis, frango de churrasco (com e sem piri-piri), boroa típica de Arouca, salpicão, queijo, boroa de milho, muitos sumos e água e, para para finalizar, bolo de chocolate. Hummm! E uma cesta de ovos moles que, com a supervisão do doutor Miguel, pudemos comer.
Depois de comer que nem lords, com um céu dos deuses e os telescópios em estacão, começamos o périplo por Marte e depois Saturno (Marte não muito simpático por não se encontrar na oposição). A luz da via láctea era bem visível e ficaram documentam em fotos. A lua também foi um alvo privilegiado para onde se apontaram telescópios e objectivas, mas por pouco tempo. Não demoraria a pôr-se para os lados de Aveiro. A zona da costa, by the way, tinha uma faixa de uns 12º a 15º que não deixava espreitar nada. Mas como estivemos toda a noite, vimos tudo e mais alguma coisa! Nebulosas, galáxias, enxames abertos e fechados, estrelas duplas e a juntar a Marte e Saturno, fomos bridados com a presença de Júpiter primeiro e Vénus logo a seguir, antes do sol. Nessa altura já se via procyon e as plêiades, não longe, davam um ar da sua graça.
Largas dezenas de fotos depois, e dezenas de ovos moles também, começamos, à luz da aurora, a arrumar tudo. Depois de tudo arrumado, nova reunião fraterna à volta da mesa. Os setes resistentes voltavam a ter fome e a merecer portanto que se retemperassem forças. Depois do pequeno-almoço, todos me ajudaram a arrumar tudo, e partimos, em caravana, todos juntos, com uma noite memorável para mais tarde recordar. Partimos com a vontade de fazer mais, de voltar a estar juntos.
Tudo somado, quero crer que somos, os astrónomos amadores, uma espécie de família. Daquelas esquisitas mas funcionais.
Obrigado aos presentes pelo bom momento de astronomia que vivemos.
Texto escrito pelo Cristóvão Cunha (na qual aproveito para lhe agradecer por tudo o que me ajudou, apesar de estar longe, e a paciência que teve para ler e responder ás centenas de e-mails que lhe enviei). Apenas fiz uma ou outra alteração e passei para 1ª pessoa.
Em suma: Uma noite memorável, inesquecível e a repetir, com gente impecável e cooperativa. A paixão pelo céu fez-se sentir na Serra da Freita!