De acordo com novas medições da distância de uma galáxia vizinha, o nosso Universo pode ser 15% maior e mais velho do que se pensava.
Cientistas liderados por Alceste Bonanos do Instituto Carnegie em Washington, usaram dados de telescópios como o Keck-II (10 metros) no Hawaii, para medir a distância de um par de estrelas na galáxia do Triângulo (M33).
Novas observações da galáxia do Triângulo sugerem que se encontra a 3 milhões de anos-luz de distância - 15% mais do que anteriormente se pensava.
Crédito: Telescópio Canadá-França-Hawaii/J-C Cuillandre)A equipa usou medições da luz, velocidade e temperatura para calcular a luminosidade verdadeira das duas estrelas, que se eclipsam uma à outra a cada cinco dias. Ao comparar esta luminosidade intrínseca com o seu brilho observado, a equipa calculou que a galáxia se situa a 3.14 milhões de anos-luz de distância. Surpreendentemente, é aproximadamente meio milhão de anos-luz mais longe do que se pensava.
Medir distâncias astronómicas não é simples. Objectos distantes e brilhantes, por exemplo, podem parecer tal e qual estrelas mais ténues e mais próximas. Por isso os astrónomos construíram um sistema tipo-escada que começa pela utilização de alguns métodos independentes para precisamente determinar a distância dos objectos próximos. Utilizam depois estas medições para definir uma medida cósmica mais distante, e assim por diante.
"Em cada passo, acumula-se erros," diz o membro da equipa Krysztof Stanek da Universidade Estatal do Ohio em Columbus. "Nós queríamos uma medida independente da distância - um único passo que um dia ajudará a medir a energia escura e outras coisas."
Aferindo distâncias pela observação de uma estrela dupla eliminou esses passos extra, diz o membro da equipa Norbert Przybilla da Universidade de Erlangen-Nuremberga, Alemanha. "É a distância maior que alguém já conseguiu medir directamente," disse. "É do melhor que se pode fazer com estes telescópios."
Medições anteriores foram baseadas em cálculos usando a constante de Hubble, uma medida de expansão e idade do Universo. A nova observação implica que o valor usado para a constante está errado cerca de 15%, diz Przybilla.
Isto sugere que o Universo é 15% maior, e 15% mais velho do que se pensava. Estimativas recentes põem a idade do Universo em 13.7 mil milhões de anos, e a nova pesquisa sugere que poderá estar mais na ordem dos 15.8 mil milhões de anos.
"O nosso resultado aponta para algo interessante que poderá estar a acontecer com a constante de Hubble," diz Przybilla. Mas é cauteloso ao dizer que os estudos identificam apenas uma medição de uma distância. "Precisamos seguir esta teoria com mais medições."
Fonte: Centro de Ciência Viva do Algarve/Portugal