Olá Rui,
Sim, certo. Rodam-se à mão
E também rodam juntamente com o eixo quando este se move. É assim mesmo, está correcto. A tal palheta é realmente o indicador da coordenada actual. No eixo de A.R., estas lêm-se em horas, minutos e segundos. No eixo de DEC. estas são apresentadas em graus. O sistema de coordenadas de altitude e azimute não são comuns em montagens equatoriais - Usam-se mais noutro tipo de montagens. Para a localização de objectos em geral, é muito mais vulgar a utilização do sistema de coordenadas equatoriais (ascenção recta e declinação). Descobrirá mais tarde o porquê disto. ;-)
Nas montagens que tenho usado, tanto o circulo de A.R. como o de DEC. estão soltos e ambos podem-se mover, MAS, suponho que não há problema algum o de DEC. ficar preso. Isto porque, usando o sistema de coordenadas equatoriais, os objectos no ceú têm coordenadas fixas. Isto é verdadeiro para o eixo de DEC. mesmo que o telescópio esteja parado não estando a compensar o movimento de rotação da Terra. Infelizmente para o eixo de A.R. isto não se aplica, porque a Terra está em rotação. Assim sendo, o circulo de DEC. pode ficar preso sem necessidade de o ajustarmos à mão. Se foi colado na posição certa, indicará sempre a declinação correcta.
Resumidamente, vou tentar explicar como funcionam:
Assumindo que o telescópio está correctamente montado, há que primeiro apontá-lo a um objecto facilmente identificável, tal como uma estrela conhecida. Nesta altura do ano, temos, por exemplo a estrela
Arcturus da constelação do
Boeiro. Movemos à mão o telescópio até essa estrela e prendemos os eixos para que este não se mova mais. O circulo de DEC., como está colado, deverá indicar os graus correctos da posição da estrela que é ~19º11' (19 graus e 11 minutos de arco). Para saber os minutos é dividir o grau por sessenta, tal como num relógio. Agora, ajustamos o circulo de A.R. com a mão e rodamo-lo até que se consiga ler neste 14h15m (14 horas e 15 minutos). Esta é a coordenada da estrela em ascensão recta. Para efeitos de simplicidade, digamos que estas coordenadas são fixas e imutáveis. Seja onde no ceú estiver esta estrela, as coordenadas são sempre as mesmas - Confuso, não é? ;-) . Nesta altura temos o telescópio a apontar para a estrela e temos as suas coordenadas "introduzidas" na montagem. Agora supomos que queremos observar um objecto estelar. Vamos observar um enxame globular conhecido como M13. As coordenadas do M13 são: A.R. 16h41m e DEC +36°27'. Desbloqueamos o eixo de dec. e rodamos o tubo do telescópio até que a palheta do circulo de DEC. indique ~+36º27'. Não é preciso precisão extrema, mas convem ficar perto. Em seguida bloqueamos o eixo de DEC.. Passando ao eixo de A.R. - Desbloqueamos este, e rodamos o tubo até que a palheta do circulo de A.R. indique as coordenadas +36º27' sensivelmente. Bloquear o eixo. Se tudo correu bem e se olharmos pela ocular (uma de grande campo é preferível) veremos este magnifico enxame no campo de visão. Depois é só ajeitar.
Atenção! Nunca tentar forçar o movimento do eixos, mesmo que o tubo parecer que fica ao contrário! A montagem equatorial tem destas coisas. Quando só um eixo está solto (o outro bloqueado), não há muito para mexer - Ou vai numa direcção ou na direcção oposta; Não há mais movimento nenhum.
Este procedimento é mais fácil se o telescópio tiver um motor pelo menos no eixo de A.R.. O eixo de DEC. não se move enquanto o telescópio compensa o movimento de rotação da Terra, pelo que passamos bem sem ele. O sinal positivo antes da coordenada indica que esta está a norte do equador celeste. Eu aqui a partir do Sul de Portugal, tenho o horizonte a -37º. O pessoal de Lisboa já o terá a mais ou menos -38.5º e por aí alem... isto em relação ao equador celeste. ;-) É melhor mesmo lêr um livro meu caro amigo, pois isto já é dificil de explicar mesmo apontando para o ceú ou com desenhos... imagine agora tentando explicar escrevendo! :lol:
Por fim, se quisermos partir para outro objecto, temos duas hipóteses: Ou voltamos a uma estrela conhecida e repetimos o processo todo ou, posicionamos, neste caso o M13, no centro da ocular, verificamos e rectificamos se necessário a coordenada indicada no circulo do eixo de A.R., e conhecendo as coordenadas do novo objecto, fazemos como anteriormente. Primeiro deslocamos o eixo de DEC. até à nova coordenada de declinação e em seguida o mesmo para o eixo de A.R., usando a coordenada de A.R. do novo objecto.
Tá feito meu caro amigo... é simples como isto. Agora é anotar algumas coordenadas de alguns objectos e experimentar. Claro que antes convém familiarizar-se com os movimentos pouco naturais da montagem equatorial e também como colocá-la em "estação". Em estação significa bem montada, sem inclinações (use um nivel de bolha para equilibrar o tripé), com o eixo de A.R. a apontar a Norte e com a inclinação correcta (entre 37 e 41 graus, em Portugal Continental), e outras coisas mais que o manual deverá conseguir apontar. Se a montagem não estiver com algum grau de rigor em estação, não vão haver coordenadas que lhe valham! ;-)
Mais questões... esteja à vontade.