Sim e não... o actual tem como seguimento a discussão da Astrolista. Tal como referi. Vamos diagnosticar o que há de errado... de seguida vamos ver se há solução.
Olá João e todos:
Não vou dizer porventura nada de novo em relação ao que já disse, mas já que ninguém pega no tópico, pego eu
A montante, temos, a meu ver um Ciência Viva que tem um funcionamento deficiente...quase como um banco que empresta dinheiros a juros baixos. A montante, a reformulação dos mecanismos de atribuição de verbas do Ciência Viva, é fundamental para obrigar as coisas a mexer. Penso que já exprimi as minhas visões sobre isto, ou aqui, ou na lista. Ainda a montante, acho que existem estruturas profissionais que deveriam vincar ainda mais a sua componente de divulgação, como algo que fosse motivo de orgulho, e, como tal, presumivelmente agradar ás pessoas que as procuram. Falo por exemplo, dos observatórios. Algum trabalho tem sido feito, mas esse trabalho tem de ser mais visível, tem de ser comunicado mais numa lógica, como gostamos de dizer em Gestão, de um fornecimento de um produto, com todo o cuidado que uma planificação dessas exige. Reforço aqui um ponto que, ao contrário do que as pessoas pensam ao ler alguns posts do Rastos, eu não defendo a "moda" dos observatórios amadores, tendo a palavra moda um significado de proliferação exagerada. Sei que está a ser feito um em Fronteira, está a ser (re)dinamizado um nos Açores, vai existindo efectivamente espaço para a construção deste tipo de estruturas, mas não caíamos num exagero. Temos de olhar a dimensão do país, e numa lógica que define a minha visão neste ponto, e na ambiência global da Astronomia em Portugal, primar pela qualidade, e não pela quantidade. Penso que este lema, na sociedade que temos, nos tempos que correm tem de ser, deve ser fundamental.
Saíndo do Montante, e passando para o meio mais próximo...na mesma linha de pensamento que norteou as linhas que escrevi acima, é urgente mudar a filosofia dos encontros de Astronomia, no triângulo, planificação-gestão-dinamização. A Astrofesta deve continuar...a meu ver existem condições para mais um ou dois encontros de média dimensão em Portugal. Estes três encontros devem primar por um cuidado cada vez maior nos pontos do triângulo que referi. Não defendo que os encontros mais pequenos acabem, de maneira nenhuma. Creio até serem fundamentais como base, ao nível de eventos, de captar pessoas. Mas por aquilo que vou lendo, e por feedbacks que vou recebendo de diversos pontos cardeais, fico um pouco com a sensação de que algumas pessoas se põem em bicos dos pés, querendo organizar uma coisa que por vezes pode estar fora das suas capacidades.
Sobre as associações...já estou como o João Clérigo...já tanto foi dito...
É aqui que está o cerne da letargia de mentalidades que assola a Astronomia em Portugal. Juntamente com uma dinâmica, que deveria ser melhor, por parte de estruturas profissionais, creio que faltam, pelo menos, pelo menos, duas ANOA'S em Portugal, e quando digo duas ANOAS, digo pelo menos duas associações que se destacassem pelos princípios que nortearam a acção da ANOA, e que se tornassem verdadeiras referências a vários níveis, nomeadamente, a interacção com o meio onde estão inseridas...escolas, são um vector importantíssimo onde as associações podem e devem actuar, ajudando à dinamização de clubes de Astronomia, que capte a energia criativa desta gente nova toda que se vai juntando ao meio da Astronomia...ocorrem-me grupos de jovens, agrupamentos e actividades de escuteiros, todo um universo de microestruturas que permite à associação aproveitar o meio que a rodeia...outras ideias, por exemplo, uma aproximação à imprensa regional...isto se fosse a continuar por aí fora este post não teria fim. Esta dinâmica, poderia ser muito fomentada pela tal alteração ao Ciência Viva, e algumas destas coisas poderiam ser requisitos para a atribuição de verbas, entre outros critérios.
Os grupos de observação não devem ser esquecidos, e com a letargia de mentalidades e de criação das associações, estão-se a assumir como a primeira linha da procura das pessoas, normalmente pessoal novo, como se vê nos fóruns. Penso que estes grupos, numa primeira análise, e numa perspectiva de médio prazo, se devem manter informais...é a melhor forma de se começar um grupo, grupos esses que terão tendência a surgir , na proporção directa da letargia que se faz sentir, e que a longo prazo, com grupos já consolidados, poderão eventualmente evoluír para outra coisa.
Bom, penso que isto será um resumo do que disse até agora...acho que não me esqueci de nada, mas pode ser um ponto de partida...