Autor Tópico: Forma do sistema solar não é redonda, mas amolgada num lado  (Lida 1007 vezes)

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Offline João Clérigo

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Há mais de 30 anos em viagem pelo espaço, as duas sondas Voyager estão agora nos confins do sistema solar, onde os ventos de partículas vindas do Sol se encontram com os ventos de outras estrelas, e onde nunca um engenho humano chegara antes.

De tão longe, estas viajantes a caminho das estrelas têm continuado a enviar informações preciosas sobre a geografia do sistema solar. As últimas novidades, recebidas da Voyager 2, revelam que o sistema solar não está envolto numa bolha de partículas solares perfeitamente redonda, mas antes numa bolha que parece ter levado um soco, que a deixou com uma pequena amolgadela num dos lados.

Lançadas em 1977, a missão principal das gémeas Voyager foi a visita a Júpiter, Saturno, Úrano e Neptuno. Dirigiram-se depois para fora do sistema solar e, contra todas as expectativas iniciais, ainda hoje continuam a enviar informações para a Terra sobre raios cósmicos ou radiação ultravioleta oriunda de outras estrelas.

Aproximam-se da fronteira do sistema solar, embora não seja consensual onde termina o império do Sol e começa o de outras estrelas. Seja como for, a influência do Sol estende-se muito para além dos planetas.

Os ventos solares, partículas electricamente carregadas, formam a tal bolha gigantesca em redor da nossa estrela, a heliosfera. Mas o fim da heliosfera não é abrupto. Primeiro, é preciso ultrapassar uma zona chamada "fronteira de choque", a fronteira da bolha interior na imagem aqui publicada, onde a velocidade supersónica dos ventos solares desce abruptamente e começam a sentir-se efeitos dos ventos de outras estrelas. Só depois de atravessar essa região, já na camada exterior da heliosfera, se chega à heliopausa e se entra verdadeiramente no espaço interestelar, ultrapassando os limites da bolha exterior da imagem nesta página.

A Voyager 1 foi o primeiro aparelho de fabrico humano a "sentir" a fronteira de choque, no "hemisfério norte" da bolha, em Dezembro de 2004, quando estava a cerca de 14.000 milhões de quilómetros do Sol, ou seja, a 94 unidades astronómicas (uma unidade astronómica é a distância da Terra ao Sol, que é à volta de 150 milhões de quilómetros).

Quanto à Voyager 2, atingiu a fronteira de choque a menor distância do Sol que a sua irmã gémea, quando estava a cerca de 12.600 milhões de quilómetros, ou 84 unidades astronómicas. Fê-lo no hemisfério sul do sistema solar e começou a atravessá-la a 31 de Agosto de 2007, e acabou no dia seguinte. Nesse período, cruzou a fronteira de choque diversas vezes, uma vez que ela não é estática e oscila para dentro e para fora.

A derradeira fronteira
Daqui a uns dez anos, as duas Voyager deverão atravessar a heliopausa, uma fronteira menos ambígua, porque passarão a estar imersas em matéria emitida por outras estrelas. Também a distância da heliopausa não é bem conhecida.

Mas há quem considere que a derradeira fronteira do sistema solar é onde a gravidade do Sol deixa de dominar, o que fica ainda muito para lá da heliopausa. Depois da heliopausa, o Sol ainda prende uma horda de cometas, a nuvem de Oort.

Para já, a equipa de Edward Stone, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos EUA, relata hoje na revista Nature os resultados das observações da travessia da fronteira de choque pela Voyager 2. Ela fica mais perto do Sol, o que sugere que a heliosfera está metida para dentro naquela região.

"O facto de as travessias da Voyager 2 terem ocorrido dez unidades astronómicas mais perto do Sol do que as da Voyager 1 confirma dados anteriores de que a fronteira de choque é lateralmente assimétrica (deformada para dentro), possivelmente devido à presença de um campo magnético interestelar local", refere Randy Jokipii, da Universidade do Arizona, num comentário na mesma revista.

Noutros cinco artigos, outras equipas esmiúçam os dados da Voyager 2. As duas sondas funcionarão até 2020, quando se esgotará a energia dos seus reactores nucleares, pelo que até lá continuarão a desbravar territórios inexplorados do sistema solar. Avançarão depois pelo cosmos fora.

In Publico

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João Clérigo

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Re: Forma do sistema solar não é redonda, mas amolgada num lado
« Responder #1 em: Julho 03, 2008, 12:23:42 pm »
Bom, temos umas sondas feitas pelo homem a perto de 100 ua de nós.. E elas estão a passar por esta aventura das helipausas e afins.. A estrela(s) mais próxima de nós (Próxima Centauri) está a 4.3 anos-luz de distância.. isso é uma distância 2700 vezes maior que a Voyager está, ou seja qua nossa Heliopausa (mais coisa menos coisa).
Na minha interpretação desta Heliopausa, ela será um "centro de simetria".. Ou seja, seria de esperar que começávamos aí a entrar no reino de outra estrela.. Ou então no reino da "nebulosa" que nos criou esta estrela que nos ilumina de dia.. Giro..
Portanto se soubermos a forma do nosso Sistema Solar, podemos ter uma noção mais interessante sobre o que estará lá fora..
Agora  A Voyager foram para norte e para sul no sistema solar.. Seria interessante ver a que distância está a heliopausa na direcção de Próxima Centauri (Centauro), ou como é que a forma da heliopausa se esta a deformar perante o nosso movimento relativo com a Estrela de Barnard (a 6 anos-luz no Ofiusco)..
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Fil.
GOAAA

Re: Forma do sistema solar não é redonda, mas amolgada num lado
« Responder #1 em: Julho 03, 2008, 12:23:42 pm »