Caro AJC.
Espero que se tenha divertido na sua viagem pela Europa. Pena não ter rendido muito em termos astronómicos.
O clima da Europa central, é muito diferente dos países mediterrânicos. Aqui chove muito menos que em França ou Alemanha, e as temperaturas são bem mais quentes. No sul de Portugal, onde vivo, costuma chover cerca de 700mm de chuva por ano, o que o classifica como um clima mediterrânico, com invernos suaves e verões quentes e secos.
Por outro lado, a poluição luminosa é bem mais intensa na maior parte da Europa, devido à elevada taxa de concentração habitacional. Mesmo assim, o cenário em Portugal, continua bastante melhor do que em França por exemplo. Mas claro que no Brasil e noutros países com densidades populacionais bem mais baixas, consegue-se encontrar áreas enormes de céu muito escuro. Em Portugal, essas áreas resumem-se provavelmente ao Alentejo.
Nestas coisas existem sempre vantagem e desvagens. Por enquanto, por aqui ( pela minha experiência), é relativamente seguro sairmos à noite para observar, desde que conheçamos os sítios para onde vamos.
Tenho pena que não tenha conseguido observar alguns objectos que não se vêem daí, como o duplo enxame do perseu, ou a galaxia de Andrómeda, que são visíveis nesta época.
Quanto a Júpiter estar baixo, pois. Aqui em Portugal também está baixo, mas mais alto que em França. Isto deve-se, como sabe, à elíptica. No entanto, no inverno, ela passa quase no zénite. Saturno, por exemplo, tem estado praticamente no zénite nos ultimos anos e Júpiter, já passou o ponto mais baixo e começa agora a "subir". Só daqui a "meia órbita de Júpiter" é que ele vai andar pelo zénite, nos meses de inverno.
Mesmo assim, se me dessem a escolher, escolhia o hemisfério sul para observar, de preferência, um país com pouca criminalidade, para sair à noite descansado. O centro da galáxia está quase no zénite e existem outros objectos, que aqui nunca vemos, como as nuvens de magalhães. Mas pronto. É a vida.