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Offline João Clérigo

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Novo telescópio espacial vai em busca de radiação
« em: Junho 13, 2008, 10:26:08 am »
Os buracos negros produzem-nos. Mas como, exactamente? Os cientistas querem desvendar a intrigante física dos raios gama, a radiação mais energética que se conhece, criada por alguns dos fenómenos mais violentos do Universo. Esta é a missão do Glast, o novo telescópio que a NASA lançou ontem à tarde para o espaço.

Lançado por um foguetão Delta II, de Cabo Canaveral, Estados Unidos, o Glast orbitará a Terra a cerca de 550 quilómetros de altitude, completando uma volta ao planeta a cada 95 minutos. Será o primeiro telescópio espacial de raios gama capaz de observar o céu inteiro todos os dias, com uma sensibilidade sem precedentes.

Lá em cima, já andam vários telescópios, uns da NASA, outros da Agência Espacial Europeia (ESA), que procuram revelar os segredos do Universo através de diferentes tipos de radiações.

O Spitzer, lançado pela agência espacial norte-americana em 2003, observa a radiação infravermelha. O Chandra, também da NASA, e o XMM-Newton, da ESA, estão no espaço desde 1999 a ver os raios X. Lançado em 1990, o Hubble, capaz de observar do infravermelho ao ultravioleta, passando pela luz visível, é o mais mediático. Mostrou-nos imagens do Universo como nunca tínhamos visto.

O Glast mostrará outra faceta do cosmos. "Se os nossos olhos pudessem ver os raios gama, veríamos um céu nocturno completamente diferente", diz Steve Ritz, do projecto Glast, citado no site Space.com. "Os raios gama são emitidos pelos ambientes mais extremos, nos quais os campos gravitacionais, eléctricos e magnéticos são tão altos que não existe nada igual na Terra para estudar directamente."

Jactos de buracos negros
Não há muitos objectos no Universo que produzam raios gama, tanto quanto sabem os cientistas, mas a lista conhecida é impressionante. Os buracos negros supermaciços que se encontram no centro das galáxias, com milhares de milhões de vezes a massa do Sol (a nossa Via Láctea tem um destes monstros no coração), são uma das fontes de raios gama. À medida que devoram as estrelas das redondezas, atraídas por um campo gravitacional imenso, estes buracos negros cospem jactos de gases quentes quase à velocidade da luz, que emitem raios gama.

Mais modestos, os buracos negros que resultam da morte de estrelas com pelo menos três vezes a massa do Sol são outra fonte desta forma de radiação altamente energética. Desconfia-se que a morte destas estrelas origina incríveis explosões de raios gama, consideradas o fenómeno mais energético do Universo, a seguir ao seu próprio nascimento, no Big Bang. Como é que uma estrela origina uma explosão tão potente é algo que desafia a compreensão dos cientistas.

"Não compreendemos realmente a física envolvida. É muito complicada, uma vez que se liberta imensa energia num curto período. Em alguns segundos, [os buracos negros estelares] podem libertar a mesma energia do Sol nos seus dez mil milhões de anos de vida", diz Charles Meegan, também do projecto Glast. "Seremos capazes de estudar aspectos das explosões de raios gama que não conseguíamos analisar até agora."

Lá em cima, sem a interferência da atmosfera, espera-se que o Glast esclareça como se produzem os jactos de gases quentes e as explosões de raios gama dos buracos negros. Talvez permita ainda esclarecer um dos grandes mistérios actuais - o da matéria escura, que deve constituir grande parte do Universo, mas cuja presença apenas inferimos pelos efeitos que causa na matéria visível. A hipótese é a de que talvez a matéria escura origine raios gama, em certas circunstâncias.

Pode até dar-se o caso de o novo telescópio espacial encontrar algo inesperado, que ninguém procurava, como tantas vezes acontece em ciência. Essa é a esperança dos cientistas do Glast, a sigla de Gamma-Ray Large Area Telescope. Chamar-se-á assim por pouco tempo: o novo nome será escolhido já em órbita, entre as cerca de 12 mil sugestões recebidas de todos os cantos do mundo.

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Cumprimentos,
João Clérigo

Novo telescópio espacial vai em busca de radiação
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