Olá, Miguel
Na verdade, apesar de desagradável, injusto e inaceitável, acaba por não ser nada estranho.
Após o Thomas ter concebido as suas objectivas de três elementos (Apos), havia necessidade de encontrar quem as produzisse. E as grandes fábricas de óptica , como a LZOS, não produzem duas ou três peças. A encomenda tem de ter uma razoável quantidade de cada vez. E é preciso pagar adiantado. Muitos milhares de dólares. Era preciso avançar com capital que ele (Thomas Back) não tinha.
Apareceu então o Markus Ludes, da APM, que custeou as encomendas, mas que fez o Thomas Back aceitar condições inaceitáveis. Mais de 85% da produção foi e, continua a ser, vendida pela APM e o Thomas nunca recebeu royalties (direitos) por isso, ou seja comissão em dinheiro pela venda de produtos que ele tinha concebido. Só os cerca de 15% da produção é que iam para os Estados Unidos da América (EUA), e só sobre esses é que o Thomas Back ganhava comissão. Na lógica normal, o Thomas deveria ter recebido direitos sobre cada objectiva produzida pela LZOS, independentemente do local onde depois fosse vendida.
De facto essa equipa reunia um génio da óptica com pouco jeito para os negócios e um coração de ouro, a ponto de aceitar condições contratuais inaceitáveis; do outro lado o Markus Ludes, com enorme jeito para os negócios, muito bom comerciante mas mais duro de sentimentos. O Thomas recebia os telescópios enviados pelo Markus, corrigia-os ao mais infimo pormenor e depois vendia só para os Estados Unidos (era o contratual). A APM vendia para todo o mundo restante! O próprio Thomas Back confessou-me uma vez que nada ganhava pelos telescópios que eram vendidos pela APM para todo o mundo, excepto EUA.
Na verdade, para além dos seus problemas de saúde graves, o Thomas Back matou-se a trabalhar. O número de telescópios vendidos nos EUA e a comissão que só recebia pelos telescópios vendidos nos EUA, davam muito pouco dinheiro. E era daí que tinha de sustentar as despesas da empresa, e ele próprio, é claro. A TMB Optical era uma empresa de uma só pessoa, o Thomas, que fazia tudo desde atender o telefone, responder a mails, conceber objectivas, dar assistência aos telescópios, corrigir os defeitos estéticos de alguns telescópios que o Markus lhe enviava, etc. etc. Até mesmo despachá-los pelo correio, ele próprio.
Está agora a ver porque razão é que o Thomas Back não tinha dinheiro para comprar o TMB 254 mm f/9 que ele próprio tinha concebido?
Abraço
Guilherme de Almeida