Bom, eu acho já ter visto "cor" na M42, mas mais para o azul-bébé-clarinho-quase-branco/cinzento, com um refractor de 102mm.. Mas digo "acho", porque é isso mesmo, eu "acho" que vi.. Pouca gente terá capacidade para "achar" se eu vi ou não, mas terão mais capacidade de "achar" se elas próprias viram ou não..
A chatice, pelo menos do meu ponto de vista, é que as únicas coisas de comparação para eu ver se vi ou não cor, são estrelas que me parecem brancas, e o céu que me parece preto.. Ou acinzentado, comparando com o
field stop da ocular que é mais preto. Ora nada destes pontos de referência mostram qualquer pista sobre se o que estou a ver se é mesmo um azulado, ou se simplesmente a vista está parva e tem o "white balance" desregulado.
Agora, não me admiraria se cada um tivesse a sua sensibilidade à cor (dos cones, no olho) com luz fraca, mas virada para azuis, ou verdes ou vermelhos.. Eu posso estar a ver cores em objectos mais brilhantes e vastos, mas pessoalmente nunca arranjei uma cor de referência que me permitisse garantir que estava a ver cor.
Quanto ao apanhar com luz nas trombas como forma de ver cores.. Eu aí não desconheço a inspiração científica que estaja por de trás disso, mas o meu cepticismo diz que a gente fica a ver "cores" para o resto da noite, depois de uma dessas, mesmo onde não as há..
É curioso ninguém achar "científico" fumar qualquer coisa antes de espreitar num telescópio, ou levar mocadas de OTAs na cabeça, para alegadamente aumentar o "ganho" do cérebro humano na percepção das cores e magnitude limite das estrelas.. :mrgreen:
Mas agora a sério, a abertura tem uma influência bastante grande na dita cor que se pode ver.. A idade e experiência do observador também podem ter uma palavra a dizer.. A "coating" dos espelhos também pode.. (Ouro reflecte muito bem os infra-vermelhos, a prata e o alumínio reflectem melhor mais para o outro lado do espectro.. Certos refractores dão imagens mais azuladas e "frias", e outros mais avermelhadas e "quentes"..
Isto no que toca a cores eu gosto de me abstrair da discussão, porque já vi cores onde não as há! por exemplo olhando para uma imagem em negativo durante uns instantes, e logo de seguida olhar para a mesma fotografia a preto e branco, e parece-me que há ali cor!.. Portanto dito isto, eu não acho "válido" eu falar sobre o assunto
Aqui fica o link para a referida imagem:
Ilusão do castelo.
Mas o que acho engraçado nesta imagem, é que noto as cores a esvaecer de vagar se eu não mexer o olho, mas se mexer o olho as cores desaparecem mais rapidamente. Realmente parece-me que um boa "desculpa" para o sistema olho-cérebro apanhar cores haver uma mudança de grande parte da imagem para nessas zonas se ver cor. E então talvez isso ajude a fundamentar a ideia de ser encandeado por uma lanterna para ver cores à noite.. As células do olho (cones) podem reagir melhor à cor se houver uma mudança brusca, mas duvido que esteja ligado com intensidade (bastonetes) visto que são células diferentes.
A menos que esta percepção da cor, seja feita a-posteriori num processamento cerebral, e não esteja relacionada com a sensibilidade e/ou linearidade das células do olho humano. Nesse caso, o cérebro em função de uma mudança no que os bastonetes viam, realçava o que os cones viam. Mas isto parece-me um processamento "complexo" para o cérebro fazer rapidamente.