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Offline PauloSantos

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Primeiro sinal de água detectado num planeta extrasolar
« em: Abril 18, 2007, 04:20:22 pm »
De acordo com uma análise de dados recolhidos pelo Hubble, foi pela primeira vez detectada água na atmosfera de um mundo extrasolar. Alguns cientistas aplaudem o resultado - que já tinha sido teoricamente previsto mas não observado em estudos prévios, enquanto outros dizem que o aparente sinal de água pode simplesmente ser ruído instrumental.

O planeta, chamado HD 209458b, tem mais ou menos 70% da massa da Júpiter e é queimado pelo calor da sua estrela-mãe, pois orbita 9 vezes mais próximo que Mercúrio do Sol.

Devido a ser apenas um do pequeno número de planetas extrasolares observados directamente em frente ou por trás da sua estrela, a partir da Terra, os astrónomos foram capazes de recolher muita informação - como o seu tamanho e massa - acerca deste distante mundo.


Impressão de artista do gigante planeta gasoso orbitando a estrela tipo-Sol HD 209458, a 150 anos-luz da Terra. Os astrónomos usaram o Telescópio Hubble para observar este mundo e fazer a primeira detecção de uma atmosfera em torno do uma planeta extrasolar.
Crédito: NASA/G. Bacon


Em Fevereiro, cientistas usando um telescópio sensível ao infravermelho, o Telescópio Espacial Spitzer, anunciaram que não havia sinais de vapor de água na sua atmosfera. Dado que se espera que esta molécula seja abundante nas atmosferas dos planetas extrasolares, alguns especularam que o sinal de água foi obscurecido por uma neblina de poeira.

Agora, observações do Hubble revelaram a água que faltava. Travis Barman do Observatório Lowell em Flagstaff, Arizona, EUA, analisou informaticamente os dados previamente obtidos pelo Hubble quando o planeta eclipsava parcialmente a sua estrela-mãe.

A quantidade de luz bloqueada durante estes eclipses foi previamente usada para determinar com precisão o raio do planeta, que é cerca de 30% maior que o de Júpiter.


O trânsito de HD 209548b.

O Hubble observou a luz da estrela que tinha sido filtrada pelo limites exteriores da atmosfera do planeta. Devido à sua composição química específica, a atmosfera é mais transparente em certos comprimentos de onda que noutros.

Barman descobriu pistas para esta composição ao fazer diferentes modelos da atmosfera, cada com uma composição química diferente, e ao observar qual destes coincidia melhor com as observações. Ele diz que a relativamente pequena quantidade de luz filtrada a mais ou menos 0.9 microns sugere a presença de água, que absorve luz neste comprimento de onda. "Para mim, é uma clara indicação que água aí existe," disse Barman. "Penso que esta é a primeira vez que temos fortes evidências da presença de água em pelo menos um planeta extrasolar."

Mesmo com a presença de água, ele aponta que as altas temperaturas do planeta (média de 1000º Celsius) não são favoráveis à vida. "Não é um lugar que eu ou qualquer outra pessoa queira visitar," acrescenta.

Mark Swain, membro de uma das duas equipas do Spitzer que não encontraram quaisquer sinais de água e cientista no JPL da NASA, diz que o novo resultado poderá proporcionar mais informações acerca da atmosfera do planeta.

Para o Spitzer directamente detectar moléculas de água através do modo como absorvem luz, o interior do planeta tem que ser mais quente que a sua atmosfera superior. Se o planeta tiver uma temperatura relativamente uniforme, no entanto, isso - e não a obscuração por nuvens de poeira - poderá explicar a falta de água na detecção do Spitzer.

"É certamente um resultado interessante," disse. "Estes planetas têm sempre alguma coisa com que nos surpreender."

Drake Deming do Centro Aeroespacial Goddard da NASA em Greenbelt, Maryland, membro da outra equipa do Spitzer, está também impressionado com os resultados. "Ele certamente mostrou que encaixa melhor com a absorção de água do que sem," afirma. "Penso que até o indivíduo mais céptico o diria."

Mas David Charbonneau da Universidade de Harvard em Cambridge, Massachusetts, EUA, membro da equipa que originalmente obteve os dados do Hubble usados por Barman, diz que o efeito é pequeno o suficiente e que simplesmente poderá ser o resultado de ruído nos instrumentos do Hubble.

"Dado que não podemos excluir uma origem instrumental para estas variações, pode ser prematuro interpretá-las com uma origem molecular na atmosfera planetária," acrescenta.

Fonte: CCV Algarve
« Última modificação: Janeiro 01, 1970, 01:00:00 am por PauloSantos »
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